segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Feliz, Dagoberto ironiza os críticos: 'Já voltaram a dar tapinhas nas costas'

O mundo do futebol dá muitas voltas. Criticado pela torcida e crucificado por parte da diretoria do São Paulo após a eliminação da equipe na Taça Libertadores da América, Dagoberto não via futuro no clube do Morumbi. Sérgio Baresi assumiu interinamente a vaga que era de Ricardo Gomes e o camisa 25 passou a ser a quarta opção do ataque, atrás de Ricardo Oliveira, Fernandão e Fernandinho. Na última semana da janela de transferências, em agosto, o clube recebeu uma proposta do Metalist (UCR), aceitou vender o atleta, que não quis ir, causando ainda mais descontentamento dentro do clube.

Porém, o time seguiu mal no Campeonato Brasileiro, Sérgio Baresi voltou para Cotia e a diretoria contratou Paulo César Carpegiani, que conhecia Dagoberto desde a época em que  era um promissor atacante no Atlético-PR. E, como num passe de mágica, tudo mudou. Dagoberto virou titular, voltou a fazer gols e se tornou uma referência. Com os dois tentos marcados contra o Santos, no último domingo, se tornou o artilheiro da equipe na temporada, com 15 gols.

De bem com a vida, o jogador conversou com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM nesta segunda-feira e falou sobre diversos assuntos. Com personalidade, disse que as mesmas pessoas que o criticavam já voltaram a elogiá-lo e que, com Carpegiani, a torcida pode acreditar que o time brigará até o fim pela vaga na Taça Libertadores da América de 2011.


GLOBOESPORTE.COM - O futebol realmente é engraçado. Em um mês, você passou de problema para ser a solução. Como foi encarar isso? Você já havia vivido situação semelhante?
Dagoberto - Nunca. Foi a primeira vez. O momento hoje é bom demais, até por tudo que aconteceu comigo. O importante é você sempre tirar uma lição e aprender. O futebol é assim mesmo. Quando você não ganha, alguém precisa ser crucificado. E fizeram isso injustamente comigo. Mas eu fiquei calado e segui trabalhando porque sabia que uma hora as coisas iriam mudar. Esse episódio foi importante para ver quem dá tapinha nas tuas costas e é teu companheiro e quem faz o mesmo e não é.

E essas pessoas que te criticaram já voltaram a te dar tapinha nas costas?
Dagoberto - Não tenha a menor dúvida. Elas mesmo voltaram. Mas não tenho rancor. Já sou atleta profissional há dez anos e sei que o mundo do futebol é muito cínico. Todo mundo sabe que o que vale, o que gira no futebol é o dinheiro. Só posso dizer que estou feliz. Tenho mais um ano e meio de contrato com o São Paulo e é bola para frente, quero pensar apenas nas coisas boas.

A fase é tão boa que você marcou contra o Santos dois gols de cabeça. Não me recordo que isso já tenha acontecido.
Dagoberto - Foi inédito. Mostra o quanto as coisas estão dando certo. Eu trabalhei para que isso acontecesse. O Ricardo Oliveira me deu dois belos passes e pude marcar. Mas, o mais importante de tudo é que o time está unido e crescendo.

Por que você cresceu tanto com o Carpegiani? O que ele fez de tão diferente?
Dagoberto - Ele não fez nada de diferente. Só que é inteligente. Quando chegou, conversou com todo o grupo numa sala. Quando o papo acabou, me chamou para uma conversa particular e perguntou se eu estava motivado. Respondi que sim, mas que precisava voltar a jogar porque não entendia o que estava acontecendo. Ele passou confiança, que é o mínimo que um técnico deve saber fazer. Quando o treinador tem o grupo nas mãos, isso é fácil de fazer. Hoje estamos todos juntos no São Paulo. O Carpegiani conversa com todos. Se ele te coloca no banco, explica a razão e você que corra atrás do espaço. Antes isso não acontecia.

Você acha que perdeu espaço com o Sérgio Baresi por ideias do treinador ou por ordens superiores?
Dagoberto - Não vou ser hipócrita. Todos sabem que existe uma hierarquia. Eu fiquei quieto porque tudo iria mudar uma hora.

Quem te ajudou nessa hora?
Dagoberto - Meus empresários (Marcos e Naor Malaquias), minha mulher (Thaysa) e minha filha (Thainá). Além de Deus, é claro. Apesar de toda turbulência que eu passei, nunca perdi a calma. Se fosse antigamente, pode ter certeza de que teria feito algo pior, isso não teria ficado barato. Hoje sou uma nova pessoa e tenho certeza que o momento atual está servindo para que muitas pessoas possam mudar a imagem negativa que têm de mim.

Por que você não quis ir para a Ucrânia? Afinal, com os 25% que possui do passe, poderia fazer sua independência financeira.
Dagoberto - Não fui pela maneira que as coisas foram conduzidas. Antes de acertar com o São Paulo, só eu sei o que eu passei para sair do Atlético-PR e vir para cá. Por isso, não achei justo sair pela porta dos fundos, como queriam que eu fizesse. Conversei com minha família e resolvi ficar. Eu amo jogar futebol e gosto demais do São Paulo. Hoje vejo que tomei a decisão correta. Se hoje sou o artilheiro do time na temporada, com 15 gols, é porque faço algo de bom.

Na época em que o time foi dirigido pelo Baresi, o Tricolor conseguiu a trinca de vitórias por duas vezes. E, na hora de embalar de vez, a equipe perdeu. O que faz vocês acreditarem que, desta vez, será diferente? O time realmente pode brigar por uma vaga na Libertadores?
Dagoberto - Sem dúvida. É só olhar a maneira como o time está se comportando. Tenho certeza de que o torcedor do São Paulo teve um domingo maravilhoso porque viu um time jogando muito e com vontade e alegria. Antes, não estávamos convencendo. Foram vitórias ilusórias. A próxima rodada poderá ser muito boa para nós porque ocorrerão alguns cruzamentos diretos. Mas não podemos mudar o nosso foco. Temos de pensar jogo a jogo e, lá na frente, veremos o que vai acontecer.

Fonte: Globo Esporte

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