sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Dagoberto exclusivo: 'Antes tudo era resolvido internamente'

Desde 2007 no São Paulo, Dagoberto hoje vê o clube diferente de quando chegou. Em um passado não tão distante, quando viveu período de glórias, o Tricolor costumava blindar confusões. Dificilmente um problema interno vazava. Como dizem os boleiros, o que acontecia em campo, morria no campo. No máximo, no vestiário!

Agora a fase é outra. A última polêmica envolveu o atacante, que se desentendeu com Carpegiani à beira do gramado. Na entrevista coletiva pós-jogo, o treinador disse que não iria mais defender o atleta, e que ele poderia deixar o clube quando quisesse. Dagoberto, um dia depois, se desculpou e continuou no grupo. Mas entende que o fato poderia ter sido evitado, assim como seu desconto no salário pelo ocorrido.

–  Não tenha dúvida disso. Até fiquei surpreso com o fato de ele (Paulo César Carpegiani) se exaltar. Eu virei e falei que não estava entendendo o que ele queria, só isso. Poderia ser de outra forma. Os 10% (multa) também foi a mesma coisa. João Paulo (de Jesus Lopes, diretor de futebol do Tricolor) falou que era uma coisa interna. Mas vejo que também poderia ser algo tranquilo. Deixo claro que respeito as decisões, mas poderia ter sido resolvido no vestiário – disparou o atacante.

– Isso é uma coisa nova no São Paulo. Antes era tudo resolvido internamente, mas a exposição está sendo mais forte. Cada um tem sua culpa e analisa. Já passei por muitas coisas de vestiário, mas que não vieram a público. Vejo que isso precisa ser resolvido internamente. Minhas coisas sempre saíram sem proteção – finalizou o camisa 25.


Em entrevista exclusiva ao LANCENET!, concedida nesta quinta-feira, Dagoberto, que tem contrato com o Tricolor até 18 de abril de 2012, também falou sobre seu futuro no clube, que ainda não sinalizou se vai renovar. Envolvido também em outras polêmicas, como uma multa de 10% por expulsão em 2010, e acusação de maior culpado pela eliminação na Libertadores do mesmo ano, o camisa 25 falou sobre seu futuro, as propostas e sua relação com a diretoria.

Mais tranquilo, o que pode falar da briga com Carpegiani? Como o analisa como treinador?
É coisa de jogo. Gesticulei, ele reclamou, mas foi superado. São coisas que acontecem no futebol. Ele até falou a palavra que vocês pegaram (bobalhão). Acontece no campo e morre ali, porque todos querem vencer. É algo normal, mas ganhou repercussão. Deixei claro que, se ele se ofendeu, peço desculpa. Paulo é um cara bacana, que dá apoio, que para mim é essencial. No Atlético-PR tinha isso, uma confiança grande. Com ele voltei a ter.

Ano passado, por expulsão, também no começo do ano, você foi multado em 10% do salário. Com recebe essas punições?
Eles (diretores) entenderam como problema. Mas tenho de respeitar, quem sou eu para fazer algo? Ano passado fui expulso, mas muita gente também é expulsa. O cara vai fazer algo e acaba multado.

Ano passado, você foi muito criticado após a eliminação na Libertadores. Por que acha que foi o grande alvo dos dirigentes?
Isso que não entendo. Quando ganhamos todos os Brasileiros, o mérito repartiu para todos. Não entendo por que aconteceu. Tive minha culpa, mas é como um tabuleiro, em que cada peça tem sua função no São Paulo. Cada um precisa ter sua responsabilidade, mas não jogar para uma pessoa. Parece interesses pessoais... Colocaram uma culpa excessiva em cima de mim, algo que não entendo. Essas coisas acontecem, mas a gente aprende algo.

Buscou entender os motivos de ser tachado como culpado?
Perguntei algumas vezes, mas fiquei sem resposta, então é melhor trabalhar. Se tirar aquele jogo de base, ninguém jogou bem. O modo como jogamos foi omisso, atrás da linha da bola. Quando pegava na bola, estava lá atrás. Agora, jogar a responsabilidade para uma pessoa só, então é uma forma muito errada de se trabalhar. É difícil, mas no futebol nada foi fácil para mim. Sou jogador, tenho meu valor, mas é normal que vá bem em alguns jogos e não em outros. A punição é forte quando erro. Tem jogos que não vou bem, mas não é por isso que não tenho de ter a confiança de todos.

Por sua qualidade, a cobrança também acaba sendo maior?
Não tenha dúvida disso. A cobrança só vem onde tem qualidade e se espera algo. Vejo que é legal, mas tem horas que é excessivo. Não tenho queixa, até respeito, mas certas coisas poderiam ser resolvidas com maior tranquilidade, mas comigo nem sempre é assim.

Como você se classifica no futebol atual? Em qual nível está?
Eu me considero um jogador muito bom. Tenho meus valores, qualidades, como outros também. Mas a diferença hoje é pequena. Você vê o Santos, tem Neymar, que é fora de série, mas é difícil encontrar um jogador como ele.

Acredita que este deve ser seu último ano pelo clube?
Tenho mais um ano de contrato, então quero fazer meu melhor. Tenho objetivos, família, filhos que dependem de mim. Com isso, aparecendo coisas boas, sendo bom para mim e para o São Paulo, não tem por que também (não sair).

Por que não aceitou a proposta do Metalist (UCR), em 2010?
Não entrei em detalhes. A proposta não era tão boa. E o modo como foi conduzido. Mereço respeito e foi como: “Vai embora”. Mas não é assim. Tenho contrato e vou cumprir. Quero sair feliz, pela porta da frente, deixar boa impressão. O principal é fazer meu melhor para o clube. Tracei objetivos e vou cumprir. Já tiveram boas propostas em 2008 e 2009, mas ano passado não achei que fosse.

Valeu a pena ter ficado?
Tenha certeza disso, tudo vale a pena. Pelo fim do ano passado, terminei pessoalmente muito bem. Penso muito para tomar as decisões. Claro que tem momentos em que erramos, mas penso muito antes de fazer as coisas.

Sairia para um rival?
Tenho certeza de que não. Vou analisar, mas em São Paulo, não.

Como foi chegar ao Sampa?
Tinha vindo para São Paulo algumas vezes, então estava preparado. Mas pensaram que fosse chegar, arrebentar, fazer três gols por jogo, mas o futebol está muito competitivo, então nem sempre é assim. Está difícil jogar. Sou um jogador com qualidades, que procuro fazer meu melhor, mas Messi e Cristiano Ronaldo só tem um, dois (risos). As pessoas pensavam que iria decidir todo jogo.

Muita coisa mudou daquela época para cá, não é?
Minha esposa está grávida de cinco meses. Mateus vai nascer, e agora vou ter um casal. Casei, tive filhos... Você faz um balanço, é perfeito. Tem os problemas, mas dou ênfase nas coisas boas. Eu me adaptei, estamos bem, então tenho de agradecer a Deus por isso.

O São Paulo também mudou?
Quando cheguei, o grupo era muito forte, bem montado e vencedor. Estava tudo encaixado. Entrei e conquistamos mais dois títulos. Agora houve uma grande reformulação, com gente nova, garotada subindo. Também agora ficou sem títulos, sem classificar para a Libertadores, mas só com calma para as coisas se encaixarem novamente. Sabemos que estamos abaixo, perdendo jogos que não podemos perder. As coisas nem sempre são como você deseja, mas estamos firmes e fortes para que os títulos voltem ao clube.

Muitos acham você marrento. O que tem a falar sobre isso?
Cada um tem seu estilo. Vim da agricultura, onde meus pais trabalharam, então você acaba tendo uma vida pacata. Sou de boa, mas tem gente que confunde. Não sou o melhor de todos, tenho meus defeitos. Mas quero ser sempre melhor. As pessoas me olham no canto e acham que sou marrento. Muita gente falou (que sou marrento). Cada um tem um jeito de falar, mas é meu estilo de vida. Fico em casa, brinco com meus filhos, fico com minha esposa. Julgam antes de conhecer. Sou reservado. O que comentam de marrento, isso, aquilo, cada um tem seu modo de analisar. Quem pode falar de mim sou eu e também as pessoas próximas.

Qual projeto para 2011?
Quero títulos, estou em uma fase boa fisicamente e dentro de campo está legal. Será um grande ano para o São Paulo, então você consegue títulos pessoais.



Fonte: LanceNet

Um comentário: